Uma
reportagem publicada nesta quinta-feira (21) pelo site do Correio24 relata uma
monstruosidade satânica contra uma garota que conheceu o seu agressor na Praça
Abrantes em uma festa, começou namorar com ele, levou-o para morar com ela
e por fim foi feita prisioneira e vitima diária de espancamento,
queimaduras com bituca de cigarro, facadas, por meio ano.
'Usou
cola comum para fechar feridas', diz jovem espancada por namorado em Camaçari
Estudante
foi mantida em cárcere privado por 6 meses: 'ele chegou a beber meu sangue de
uma das porradas que me deu'
A
vítima é a estudante Deisiane Souza Cerqueira, 18 anos, o agressor é o tatuador
Marcos Alexandre da Silva, 35, com quem havia iniciado o namoro há oito meses,
em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Ele
também deixou nela o rosto desfigurado e cicatrizes espalhadas no pescoço,
costas e pernas, fruto de sessões diárias de murros, facadas, queimaduras de
cigarro, mordidas e outras agressões físicas, que começaram logo após os dois
primeiros meses da relação. Deisiane ainda sofreu tortura psicológica: durante
os seis meses em que foi mantida em cárcere privado, foi ameaçada de morte
diariamente.
Os
dois se conheceram há oito meses, numa praça em Abrantes, num encontro de
jovens. Já as agressões começaram há seis meses, quando Marcos passou a morar
com Deisiane na casa dela. Antes, a estudante vivia com os pais, mas, há cinco
anos, quando eles se separaram, a jovem decidiu ficar com a mãe, que se mudou
pouco tempo depois para o bairro Gravatá. Sozinha, a estudante decidiu convidar
o namorado para morar com ela, no bairro PHOC II.
O
pesadelo durou seis meses até que, na última terça-feira (19), Deisiane foi
resgatada pelo pai, o taxista Robson Cerqueira Santos, 43. Ele disse ao CORREIO
que desconfiava que havia alguma coisa errada com filha, já que tinha muita
dificuldade de conseguir contato com ela. Segundo Robson, era o namorado da
garota quem atendia o celular todas as vezes que ele ligava, inventando
desculpas para que os dois não se falassem.
“Ele
falava que ela estava em Salvador cuidando da avó dele. Era a mesma história
sempre. Os avós maternos dela moravam no andar superior da casa, mas nada
escutavam, porque ela sofria calada. Ele dizia que, se ela gritasse, a mataria
com facadas e mataria também os avós”, contou o pai.
Desconfiado,
Robson foi à casa da filha e encontrou uma luz acesa. Ao se aproximar e chamar
pela primeira vez o nome de Deisiane, a cadela da família, Nina, começou a
latir. “Nina reconheceu minha voz e latiu com muita força”, contou.
Nesse
momento, o namorado não estava no imóvel. “Foi quando escutei o pedido de
socorro de minha filha. Ela gritava meu nome. Então, arrombei a porta com o pé
e encontrei ela naquele jeito deplorável”, declarou.
Robson
encontrou a filha bastante machucada. “Ela estava amarrada numa cama, presa por
uma corda. Estava muito fraca, sem comer, cheia de marcas pelo corpo. Foi
terrível ver a minha filha naquele estado. Carreguei ela nos braços e tirei
dali. Depois, fomos à delegacia registrar o caso”, contou o pai da jovem.
Deisiane
foi resgatada pelo pai, que a achou amarrada na cama
(Foto:
Evandro Veiga/CORREIO)
Tortura
O
CORREIO conversou com Deisiane que, em poucas palavras, relatou seu drama. “Se
meu pai não me salvasse, tenho certeza que neste momento estaria morta. Ele com
certeza iria me matar”, disse ela, que afirmou não saber o motivo da mudança de
comportamento de Marcos.
“Não
sei o que houve com ele. Depois de dois meses de namoro, passou a me trancar
dentro de casa, me espancar sem eu fazer nada. Ele deixava eu comer apenas uma
vez por dia”, contou.
Ela
conta, ainda, que as torturas que sofreu foram diversas. “Ele apagava o cigarro
na minha nuca, no meu braço, no meu pescoço. Mordia as minhas costas todas. Já
deu uma facada em minha perna. Queimava minhas pernas e braços com colher
quente. Uma vez, atravessou a ponta de uma faca nos meus lábios. Me esmurrava
do nada", relembrou.
A
estudante contou também que o tatuador chegou a colar os ferimentos dela com
uma cola branca comum, utilizada normalmente em papel. "Ele me batia tanto
que as paredes de minha casa estão sujas de meu sangue. Certa vez, ele bateu
tanto, mas tanto, que ele depois começou a usar cola comum para fechar os
ferimentos. Como não conseguia, me esmurrava no mesmo lugar”, completou a jovem.
Ainda
segundo o relato de Deisiane, um dos momentos mais difíceis do cárcere foi
quando viu o companheiro beber o sangue dela.
“Não
sei porque ele agia assim. Não fazia nada. Ele mudava de humor repentinamente e
começava a me bater. Ele chegou a beber o meu sangue de uma das porradas que me
deu. Ele gostava de figuras satânicas. Acho que ele surtava”, declarou.
Denúncia
O
caso foi registrado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de
Camaçari e está sob os cuidados da delegada Florisbela Rodrigues. Marcos não
foi encontrado pelos policiais da Deam. A pedido da delegada, o juiz Ricardo
José Vieira Santana concedeu medida protetiva a Deisiane, estabelecendo que
Marcos deve ficar a 300 metros a vítima e dos familiares dela.
Na
Bahia, nos últimos dois anos, apenas 37,3% dos casos de violência doméstica
geraram medida protetiva para a vítima.
“O
perito que fez o exame de corpo delito chorava toda vez que olhava para ela. Um
policial da Deam também chorou. Se eles, que não são parentes, ficaram deste
jeito, imagina eu? Não tenho mais lágrimas, mas o meu coração de pai está
arruinado, pois me culpo por tudo isso, por não ter estado mais presente na
vida de minha filha”, declarou o pai, com a voz embargada.
Na
manhã desta quinta-feira (21), o advogado do tatuador esteve na Deam e prometeu
apresentá-lo, mas não deu um prazo para isso.
Fonte: CN1
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