terça-feira, 3 de outubro de 2017

Nobel de Física vai para cientistas que detectaram ondas gravitacionais




Jonathan Nackstrand/AFPMembros da Academia Real Sueca de Ciências anuncia trio vencedor do Nobel de física



O Nobel de Física de 2017 foi para os americanos Kip Thorne, 77, Rainer Weiss, 85, e Barry Barish, 81, membros da colaboração Ligo (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser, na sigla em Inglês) por suas contribuições para a detecção das ondas gravitacionais.
Ao anunciar o prêmio, na manhã desta terça-feira (3), a Academia Real Sueca de Ciências chamou o feito do trio de "uma descoberta que abalou o mundo".
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Previstas pelo físico Albert Einstein (1879-1955) há cem anos, essas ondas são perturbações no tecido do que os físicos conhecem por espaço-tempo. Grosso modo, tudo se passa como as oscilações na superfície de um lago, produzidas pelo impacto de uma pedra.
Embora todos os corpos deformem o espaço-tempo, as ondas gravitacionais se propagam somente em condições específicas. Foi o caso do processo de colisão de dois massivos buracos negros, ocorrida há 1,3 bilhão de anos-luz, cujas vibrações no espaço-tempo foram detectadas pelo Ligo em 2015 e anunciadas em fevereiro 2016.
A detecção direta dessas ondas restava como a última das grandes predições da Teoria da Relatividade Geral ainda a ser provada.
O detector utilizado, o Ligo, começou a ser concebido no início dos anos 1990 e constitui uma das maiores realizações tecnológicas da história.
Sua sensibilidade extraordinária permite medir oscilações causadas por ondas gravitacionais da ordem de um décimo de milésimo do diâmetro de um próton, uma partícula subatômica invisível ao mais potente microscópio.
A capacidade do Ligo de captar as ondas gravitacionais abriu um novo mundo para a astronomia. Antes da façanha, os físicos sempre se valeram do espectro eletromagnético –que inclui a luz visível, o raio X e a radiação infravermelha, por exemplo– para explorar o Universo. Fenômenos até então ocultos tornaram-se enfim passíveis de investigação direta. O arco de possibilidades inclui o próprio início do Universo, evento que os instrumentos até hoje existentes não conseguiam perscrutar.
Como disse Thorne quando do anúncio da descoberta, "antes nós víamos o Universo. Agora, nós começamos a ouvi-lo".
A premiação deste ano não foi exatamente uma surpresa. A escolha das ondas gravitacionais para o Nobel de Física foi a principal aposta de cientistas brasileiros que participaram do bolão promovido pela Folha. Dos 14 palpites recebidos, 11 apontavam a detecção do fenômeno como a pesquisa favorita para levar o prêmio.
Weiss receberá metade do prêmio de 9 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3,5 milhões), enquanto Thorne e Barish dividirão a outra metade.
MEDICINA
Nesta última segunda-feira a Academia Real Sueca de Ciências anunciou que um trio de cientistas americanos venceu o Nobel de medicina ou fisiologia por pesquisas relacionadas ao relógio biológico.
ESCOLHA
A escolha do vencedor do prêmio mais importante da área é feita pela Academia Real Sueca de Ciências, na Suécia, escolhida por Alfred Nobel em seu testamento para eleger e premiar com a láurea o os autores de feitos notáveis para a humanidade.
O prazo para o comitê receber as indicações foi dia 31 de janeiros. De 350 a 400 nomes estavam no páreo.
Podem indicar nomes membros do comitê do Nobel do Instituto Karolinska, membros da Academia Real Sueca de Ciências, vencedores dos Nobéis de física, professores titulares de física de instituições suecas, norueguesas, finlandesas, islandesas ou dinamarquesas e acadêmicos e cientistas selecionados pelo comitê do Nobel -autoindicações são desconsideradas.
A cerimônia de premiação propriamente dita dos vencedores deste ano só ocorre em dezembro.
Entre os cientistas premiados no passado estão Max Planck (1918), por ter lançado as bases da física quântica; Albert Einstein (1921), pela descoberta do efeito fotoelétrico; Niels Bohr (1922), por suas contribuições para o entendimento da estrutura atômica e Paul Dirac e Erwin Schrödinger (1933), pelo desenvolvimento de novas versões da teoria quântica.
Foram premiados ainda Arno Penzias e Robert Wilson (1978), pela descoberta e detecção da radiação de fundo do Universo; o trio William Bradford Shockley, John Bardeen e Walter Houser Brattain (1956), por pesquisa na área de semicondutores e pela descoberta do efeito transistor e da dupla Peter W. Higgs e François Englert (2013) por seus trabalhos sobre como as partículas adquirem massa.
O físico brasileiro César Lattes (1924-2005), que teve participação decisiva em uma das descobertas científicas mais importantes do século passado: a detecção do méson pi (ou píon), partícula que mantém prótons e nêutrons unidos no núcleo dos átomos, foi indicado ao Nobel de Física sete vezes, mas nunca levou o prêmio.
Os vencedores de 2017 dividirão o prêmio de 9 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3,5 milhões). O dinheiro vem de um fundo de mais de 4 bilhões de coroas suecas (em valores atuais) deixado pelo patrono do prêmio, Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite. Os prêmios são distribuídos desde 1901. Além do valor em dinheiro, o laureado recebe uma medalha e um diploma
QUÍMICA
Nesta quarta (4) será anunciado o prêmio de química. Assim como o de física, ele é distribuído pela Academia Real Sueca de Ciências.
No mesmo ano, o prêmio de química ficou com três pesquisadores responsáveis pela aurora da área das nanomáquinas, dispositivos moleculares capazes de tarefas extraordinárias, ao menos em teoria, como levar um carregamento de uma determinada droga diretamente para um tumor, combatendo-o.

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