quinta-feira, 11 de outubro de 2018

BAHIA: CORREGEDORA DO TJ-BA DETERMINA QUE JUÍZES ATENDAM ADVOGADOS SEM AGENDAMENTO

A Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) determinou que os juízes baianos devem atender advogados sem a necessidade de agendamento prévio. A decisão, divulgada na segunda-feira (8), foi assinada pela corregedora geral, a desembargadora Lisbete Maria Teixeira Almeida Cezar Santos. 
“Não estando o magistrado envolvido em outro compromisso, não pode furtar-se do atendimento aos advogados que se encontrem presentes nas Varas, vez que o Estatuto da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) lhes assegura o atendimento por ordem de chegada, independentemente de marcação prévia ou regência”, diz a desembargadora, no documento.



Na decisão, ela cita leis como o Estatuto da Advocacia (lei nº 8.906/94), que garante que advogados têm direito de dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição observando-se a ordem de chegada. 
A desembargadora ressalta, ainda, resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que indicam que os juízes são sempre obrigados a receber advogados em seu gabinete, a qualquer momento do expediente. 

O problema é que, embora isso esteja assegurado pela lei, não era o que vinha acontecendo no estado, de acordo com o presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB na Bahia (OAB-BA), Adriano Batista. Segundo ele, é comum que magistrados determinem que vão receber apenas uma quantidade específica de advogados por dia ou em horários determinados. 

“A média deles está com muito trabalho, muitos processos e entende que receber advogados atrasa a produtividade. Começou-se a disseminar essa ideia de marcar horário, estabelecer dias e alguns juízes extrapolavam: diziam que só atendiam 10 advogados por dia, de 5h às 5h30, por exemplo. É uma coisa absurda, o advogado fica mendigando atendimento. A falta de bom senso gerou esse impasse”, explica Batista. 

Essa realidade é comum em todo o estado, mas é ainda mais forte em Salvador, de acordo com ele. No interior, a diferença é que a maioria dos magistrados e dos advogados se conhecem e acabam tendo um relacionamento mais pessoal. 

Por isso mesmo, essa foi a principal demanda da comissão nos últimos três anos. O conselheiro da OAB explica que, uma vez que os advogados estão ali na condição de representantes dos cidadãos, é preciso “esgotar as possibilidades” e não pecar por omissão. “Tem muito estagiário e assessor hoje julgando processo, então, se você não vai lá para falar com o juiz para um detalhe importante, muitas vezes isso passa desapercebido”. 

No entanto, ele defende que o bom senso também prevaleça entre os advogados – ou seja, avaliar quando uma demanda é urgente ou não bem como se o juiz está em uma audiência ou compromisso do tipo.

De acordo com a assessoria do TJ-BA, porém, não houve a publicação de qualquer portaria. A recomendação é um comunicado interno para cumprimento por parte dos juízes.
Já a Associação dos Magistrados da Bahia (Amab) não emitiu posicionamento sobre a medida. 

Fonte: Correio 24h! 

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