O coordenador da 8ª Circunscrição
Regional de Trânsito (Ciretran/Juazeiro), Ítalo José dos Santos Souza, e o
ex-funcionário do órgão, Jair Santos Santana, conhecido como Begue, foram
presos pela polícia na manhã desta quinta-feira (11), acusados de fazer parte
de um esquema de revenda de veículos apreendidos, além de outros
crimes. Eles vão responder por corrupção ativa e passiva, peculato,
concussão, furto, inserção de dados falsos em sistema oficial e falsificação de
documentos públicos.
De acordo com a polícia, a
investigação da operação Trânsito Livre foi iniciada no final de 2017, quando
foi constatado que 19 veículos haviam desaparecido do pátio do órgão, sem que
houvesse sinais de arrombamento no prédio. Foi então que a Delegacia de
Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de Juazeiro e o Ministério Público passaram
a investigar o que estava ocorrendo.
Ao longo das investigações foram recebidas
denúncias de populares que afirmaram ter conseguido liberação de veículos,
mesmo com restrições administrativas, como IPVA atrasado ou multas,
mediante o pagamento de propinas a funcionários para obter a liberação de
veículos.
Ainda de acordo com a polícia, mesmo
com restrições, veículos apreendidos pelas polícias civil e militar que estava
na sede do órgão eram furtados do pátio, legalizados e depois comercializados.
Segundo a polícia, o esquema era liderado por Ítalo, que acompanhava todo o desenvolvinento
das ações, sendo responsável pela expedição dos documentos fraudados, os quais
eram por ele assinados e tambem era quem tinha a chave do pátio onde os
veículos eram guardados.
Já Begue, que trabalhava no setor de
vistoria dos veículos da Ciretran na época das primeiras fraudes, atuava no
esquema dando resultado de vistoria diferente do real, no intuito de cooperar
com a atuação fraudulenta.
Investigações
Em contato com o CORREIO, a delegada responsável pelas investigações, Lígia
Nunes, da DRFR, afirmou que os suspeitos cometiam crime há pelo menos um
ano. "Ainda estamos analisando alguns documentos para ter um dimensão
maior desse golpe, há quanto tempo atuavam, mas podemos assegurar que há pelo
menos 12 meses", disse a delegada, acrescentando que outras pessoas também
estão sendo investigadas.
Lígia ainda afirmou que ítalo e Jair
vão responder por corrupção ativa e passiva, associação criminosa, receptação,
furto, inserção de dos falsos no sistema do Detran e uso de documentos falsos.
"São muitos os crimes. Eles assumem parcialmente, mas nós temos provas
materiais que comprovam a atuação da associação criminosa", relatou.
Os suspeitos já foram encaminhados ao
Conjunto Penal de Juazeiro onde aguardam até segunda-feira (15), quando devem
ser encaminhados para a audiência de custódia.
Conforme o coordenador geral do
Detran, Osvaldo Mota Moura, Ítalo vai ser exonerado do cargo pois, após checar
por meio de sindicâncias, foram constatadas "várias
irregularidades". "São várias irregularidades envolvendo desde a
transferências indevidamente, até a subtração de veículos", disse Osvaldo,
acrescentando que, no entanto, só a perda do cargo não é o suficiente
"Existe um Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) em andamento. No PAD é feito uma apuração para
a materialidade das provas, havendo essa materialidade, o processo é convertido
a bem de serviço público e a pessoa fica impossibilitada de exercer cargos
públicos por cinco anos", explicou.
"Três dos 19 carros foram vendidos e voltaram para o Detran para ser
regularizados", explica o promotor Raimundo Moinhos, coordenador
regional das promotorias de Juazeiro. "Existem mais mandados para serem
cumpridos, mas as pessoas ainda não foram localizadas". Os dois
funcionários foram presos em casa, seguiram para fazer exames de lesão corporal
e seguem para audiência de custódia.
Além da prisão dos dois, foram
cumpridos mandados de busca e apreensão na casa dos envolvidos e na sede do
órgão. Foram apreendidos diversos documentos de transferência de veículos,
computadores e valores em dinheiro nas residências do coordenador e do
vistoriador, além de vários documentos e computadores na sede do órgão.
Segundo o Detran, o órgão já estava
fazendo uma sindicância que culminou com a operação policial. O coordenador
será exonerado do Ciretran.
Fonte: Correio 24h
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